sábado


...de Columbano Bordalo Pinheiro, A chávena de chá.





encontramo-nos, então, à hora do chá.

dizia sempre isto depois de cada visita minha.
e mesmo que a hora não fosse a do chá, recebia-me de braços abertos, cheios de ternura e saudade.
é claro que eu ia sempre. queria estar ali. partilhar aqueles momentos tão amigos, tão sinceros.
por vezes, dos seus olhos corriam lágrimas que lhe recordavam outros momentos, outras pessoas. dores de um passado que fora dorido.
mas era o seu passado, a sua intimidade que jamais partilharia comigo.
e quantas vezes não a deixei a pensar que no dia seguinte me contaria. no entanto esse dia nunca aconteceu. o outro dia era sempre outro. e as palavras, as histórias, diferentes.
momentos de partilha ao final da tarde, quase nunca com o sabor de chá. a hora era um pretexto para sabermos que nos encontraríamos.os dias foram passando e chegou o momento da despedida.ficou na memória o retrato do seu perfil. por detrás da janela a ver-me partir.
eu, hoje, recordo essas horas e prendo-as na minha alma. não as quero esquecer. e se for preciso vou chorá-las por não as poder tornar a ter.
perdê-las, não quero.

4 comentários:

Rosalina Simão Nunes disse...

há sempre um fio condutor, ghriba. por isso acho "giro" ter os vários blogues.

José Leite disse...

Excelente a selecção! Selecção universal? Talvez... Mas que o critério é melhor que o do Scolari não duvido!

Parabéns pelo teu blog. Nota máxima-...visita o meu e dá um palpite!

Rosalina Simão Nunes disse...

obrigada, rouxinol.

"essa" do scolari traduziu-se numa sonora gargalhada. gostei.

lá irei, certamente.

Anónimo disse...

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