quarta-feira


...de María Pitarch, Manto.







manto, luz, brisa, voz. sopro. vida. tão doce. tão leve.
um dia quis pegar na tua vida e tu não deixaste.
oferecia-te, em troca, a minha. riste-te. deste uma gargalhada.
ficaste a pensar que eu fingia, que era falsa.
não acreditaste em mim.
e a noite chegou. o dia fechou os seus raios de força e ficaste só.
e quiseste que eu voltasse. e pediste. e choraste.
o nosso tempo tinha sido o outro.
eu já partira só.

sábado

...de San Luis, A moradia de dona Urraca.








bastava teres atravessado a ponte.

segunda-feira


...de Pino, Sensuality.









abraçada por lenços de lembranças...

sexta-feira


...de Dicksee, Romeo and Juliet.










preciso de ti.

quarta-feira


...de Jack Vettriano, Dance me to the end of love.









e podes levar-me nos teus braços que eu irei, fechando os olhos.

sábado


...de João Vaz, A Praia.







como era bom ter uma praia só para mim...

quinta-feira

...de Dovile Norkute, Red dress.









...e parti, perdendo a cor pelo caminho...

quarta-feira

...de Henry Asencio, Red door.






hoje tenho a alma vestida de vermelho.

terça-feira

...de Julio Daniel Rodriguez Bernedo.







olha para mim. não te escondas. quero que vejas que tenho lágrimas que escorrem pelo meu rosto.
olha!
já te percorri por tantos caminhos.
já te chamei tantas vezes.
estou cansada. fecho os olhos e cubro-os com as mãos que, outrora, mansamente, te tocaram. pergunto-me pelo tempo que vou esperar para que olhes. para veres os meus olhos que secos pelo sal das lágrimas já esqueceram os contornos do teu rosto.
e, apesar de tudo, pacientemente, vou tricotando um regresso. vou serenando à espera de passos sofregamente desejados.
e fecho os olhos.
e guardo-os com as minhas mãos quase sumidas.

domingo

...de Mário Cesariny, autobiografia.





guarda a minha mão na tua.

sábado


...de Columbano Bordalo Pinheiro, A chávena de chá.





encontramo-nos, então, à hora do chá.

dizia sempre isto depois de cada visita minha.
e mesmo que a hora não fosse a do chá, recebia-me de braços abertos, cheios de ternura e saudade.
é claro que eu ia sempre. queria estar ali. partilhar aqueles momentos tão amigos, tão sinceros.
por vezes, dos seus olhos corriam lágrimas que lhe recordavam outros momentos, outras pessoas. dores de um passado que fora dorido.
mas era o seu passado, a sua intimidade que jamais partilharia comigo.
e quantas vezes não a deixei a pensar que no dia seguinte me contaria. no entanto esse dia nunca aconteceu. o outro dia era sempre outro. e as palavras, as histórias, diferentes.
momentos de partilha ao final da tarde, quase nunca com o sabor de chá. a hora era um pretexto para sabermos que nos encontraríamos.os dias foram passando e chegou o momento da despedida.ficou na memória o retrato do seu perfil. por detrás da janela a ver-me partir.
eu, hoje, recordo essas horas e prendo-as na minha alma. não as quero esquecer. e se for preciso vou chorá-las por não as poder tornar a ter.
perdê-las, não quero.